Depois de alguns incêndios, um dos quais com três frentes activas, que mobilizou mais de três centenas de bombeiros, e com a época propícia aos fogos, várias autoridades se dedicam à prevenção deste flagelo de Verão. A principal forma de evitar os incêndios parece ser a vigilância e a limpeza da área florestal.
O calor vai fazendo algumas pausas, mas esta não deixa de ser uma época problemática em todo o país e em Sintra, onde vários incêndios deflagraram nas duas primeiras semanas de Agosto – dos quais se destacam dois em Belas, um em Pêro Pinheiro, e outro junto à Lagoa Azul. De facto, agora a palavra de ordem parece ser a vigilância para que haja um máximo de prevenção contra os fogos que vão deixando as suas marcas na paisagem nesta época mais quente. Fruto de actividades criminosas ou causas naturais, a verdade é que as florestas estão constantemente em risco. No concelho, de acordo com o coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil de Sintra, Mário Louro, as áreas mais problemáticas são aquelas onde há mato – e muitas vezes lixo –, como grande parte da zona de costa litoral, São João das Lampas, Assafora, Janas, Banzão Serra de Sintra e Serra da Carregueira, entre outros.
“Nós no concelho de Sintra, não temos grandes razões para que o combate não corra bem. Temos um grupo de primeira intervenção desde 2002, através de um protocolo com a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a Câmara de Sintra e as Associações de Bombeiros, para os 365 dias do ano”, explicou ao JS o coordenador.
No entanto, esta é uma altura particularmente delicada, uma vez que, “ao contrário da zona centro do país”, em Sintra “estatisticamente, a última quinzena de Agosto e a primeira de Setembro é quando se regista um maior número de ocorrência de incêndios”. A justificação para tal é o índice de humidade dos combustíveis finos, que pelo microclima criado pela Serra acaba por secar mais tarde” – este índice classifica o grau de inflamabilidade dos combustíveis finos mortos, de secagem rápida, de acordo com a sua humidade.
Prevenção passa pela vigilância e limpeza
Existe um sistema de pré-posicionamento de bombeiros em locais que apresentam mais riscos, de forma a que se consiga combater o fogo logo que possível. Para além disso, o Serviço Municipal de Protecção Civil realiza briefings diários e semanais, com as várias autoridades competentes, nos quais se faz a avaliação do dia ou semana anterior, se faz a previsão das zonas de maior risco, entre outros aspectos. Desde Junho que o Instituto Português da Juventude, em parceria com a Câmara, colocou equipas de seis jovens por quinzena a vigiar pontos específicos da Serra em BTT.
Para além disso, outra das formas para evitar incêndios, que é aliás sublinhada pelo responsável dos Bombeiros Voluntários de Belas (onde ocorreram já dois incêndios de grandes dimensões, nos dias 11 e 13 de Agosto), o comandante Daniel Cardoso, é a limpeza. “Se uma zona onde haja eucaliptos e pinheiros estiver limpa em baixo”, explicou ao JS, é mais difícil que haja incêndios. No entanto, “quanto mais arbustos ou lixo houver, há também mais carga térmica, o que aumenta o calor e também a dificuldade para apagar as chamas”. No caso dos incêndios em Belas – um dos quais, no dia 11, teve frentes activas na serra das Olelas, na Tapada de Vale de Lobos e na Serra da Piedade, e mobilizou 363 bombeiros e outras autoridades competentes, 101 viaturas e um helibombardeiro – as principais dificuldades foram as “condições climatéricas”, nomeadamente “as temperaturas altas e o vento de leste”, contou o responsável.
Também o comandante da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sintra, Manuel Beja Encarnação, refere a limpeza como sendo um dos factores chave para a prevenção e explica que já foram feitas “sessões de esclarecimento junto das escolas e da população” no sentido de alertar para isso mesmo. No entanto, o responsável explicando que por vezes é difícil de prever os locais onde irão ocorrer incêndios e mesmo a sua dimensão, reitera que, seja em que época for, “os bombeiros estão sempre preparados”. Também positiva é a visão de Mário Louro: “nota-se e basta dar uma volta pelo concelho, que já foram feitas bastantes limpezas nos últimos anos, mas ainda há muita coisa por fazer”, ressaltou o coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil de Sintra, acrescentando: “mas penso que estamos no bom caminho”.
Precauções a tomar para evitar incêndios
De acordo com o site do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR a protecção das florestas e demais espaços verdes depende de todos. De forma geral, são várias e simples as precauções a tomar para que não haja incêndios ou para diminuir o seu impacto:
• Evitar fazer lume: nos piqueniques; levar a comida já preparada, sempre que possível;
• Fazer fogueiras apenas nos locais previstos para tal e ter o cuidado de molhar bem o local que rodeia a fogueira, afastar a vegetação seca, vigiar atentamente e, no final, apagar bem o fogo e não abandonar o local até ter a certeza de que as cinzas estão extintas;
• Nunca fazer fogueiras em dias de muito vento;
• Não fumar e muito menos deitar beatas para o chão;
• Não atirar para o chão papéis, plásticos, nem vidros (o efeito lupa, ao sol, pode provocar incêndios);
• Caso viva no campo ou junto à floresta limpe o mato à volta da casa e edificações, num raio de 50 metros, e retirar sempre as folhas, caruma e ramos dos telhados; cortar as árvores que oferecem risco para a habitação e afastar a lenha; guardar produtos inflamáveis em local seguro; ter à mão algumas ferramentas como enxadas, pás e mangueiras;
• Em caso de fumo ou incêndio chamar primeiro o 112 ou o 117.
Mais informações em www.gnr.pt