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Segunda-feira Abril 29th 2024

Encerramento • Fábrica Merck Sharp & Dohme em Agualva-Cacém vai encerrar dentro de dois anos

Em 2012 vai encerrar a unidade de São Marcos (cidade de Agualva-Cacém) da segunda maior farmacêutica do mundo em termos de receitas, Merck Sharp & Dohme. O encerramento insere-se num plano de reestruturação que afectará 15 mil trabalhadores em todo o mundo. Apesar deste plano ser posto em prática dentro de dois anos o Sindicato dos Trabalhadores da Química, que afirma que a fábrica de São Marcos sofreu obras há pouco tempo, critica o encerramento e teme uma possível antecipação nos despedimentos.

A segunda maior farmacêutica do mundo em termos de receitas, Merck Sharp & Dohme, conhecida por MSD, anunciou no dia 8 que irá encerrar a sua unidade de São Marcos em 2012. O encerramento insere-se num plano de reestruturação que contempla, no global, o fecho de oito centros de investigação e oito unidades de produção – no total, o plano afectará 15 mil trabalhadores. Nestes dois anos a empresa irá manter a produção e não despedirá ninguém.

De acordo com representante do Sindicato dos Trabalhadores da Química*, Sandra Barata, a fábrica de São Marcos “foi alvo de obras há pouco tempo e de repente anunciam o fecho”. Apesar deste ter sido anunciado com dois anos de antecedência, a representante declarou ao JS que “normalmente os prazos de encerramento são antecipados”. Em representação dos trabalhadores do sector químico, Sandra Barata critica este encerramento, uma vez que são “muitos os trabalhadores vão para o mercado de trabalho, que é muito fechado, já que este é um sector muito específico”. Até ao fecho desta edição, não se conseguiu apurar o número de trabalhadores que trabalham na MSD de Agualva-Cacém.

A reestruturação da MSD parte de um plano de integração com a farmacêutica Schering-Plough, começado em Dezembro de 2009 – o negócio orçado em 41 mil milhões de dólares faz da MSD a segunda maior farmacêutica do mundo. No entanto, a empresa anuncia em comunicado que pretende atingir o objectivo de poupança no valor de 3,5 mil milhões de dólares até 2012. Com o plano de reestruturação, que afectará 15% do total de trabalhadores em unidades um pouco por todo o mundo, a MSD espera atingir o objectivo previsto para a primeira fase, que compreende uma redução entre os 2,7 mil milhões e os 3,1 mil milhões de dólares em 2012.

O presidente executivo da empresa, Richard Clark, declarou em comunicado que “o anúncio é mais um importante passo no processo de integração das operações a nível global, de acordo com o calendário previsto e cumprindo as prioridades estratégicas da Merck”. O responsável acrescenta ainda: “enquanto acreditamos que estas medidas são imprescindíveis para assegurar a vantagem competitiva da empresa, sabemos que implicam decisões difíceis com impacto em alguns dos nossos colegas, em famílias e comunidades locais. Vamos implementar o plano de reestruturação com o máximo cuidado, dignidade e respeito pelos colaboradores”.

A MSD anunciou também que novos investimentos estratégicos serão feitos no Brasil, na fábrica de Campinas e no México, na fábrica de Xochimilco.

* SINQUIFA – Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro Sul e Ilhas, com sede em Lisboa
Texto e foto: Vanessa Sena Sousa
Artigo publicado na edição de 16 de Julho de 2010
Rectificação: A referida fábrica não fica no Cacém, como referia a notícia, mas sim em São Marcos, freguesia pertencente à Cidade de Agualva-Cacém.

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2 Responses to “Encerramento • Fábrica Merck Sharp & Dohme em Agualva-Cacém vai encerrar dentro de dois anos”

  1. Cristina C. diz:

    Se a segunda maior empresa da indústria farmacêutica não quer aqui estar, quem mais vai querer?
    É uma tristeza, este estado de coisas. O que será dos trabalhadores? Se calhar têm de ir para o Brasil ou para o México, não?

  2. Miguel Nunes diz:

    Infelizmente é assim. Se até os nossos jovens querem sair daqui para fora, imagine-se as empresas internacionais, que vêem muito mais perspectivas de futuro noutros países como o Brasil. Andei a ler várias notícias, mas só esta é que refere que a Merck pretende fazer investimentos, mas noutros países. Como devem ter bons contactos informativos nessa empresa podiam perguntar-lhes por que razão é que a reestruturação implica a destruição de núcleos de emprego. É que os trabalhadores são também consumidores. Esquecem-se disso. Isto vindo da segunda maior empresa do mundo…
    M. N.

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