Todos os cidadãos, mas de modo especial os trabalhadores e as suas Organizações representativas, independentemente de opções ideológicas, têm razões acrescidas para, perante a sua morte, recordar, com emoção e gratidão, Otelo Saraiva de Carvalho, o capitão que, corajosamente e determinadamente, ponto em risco a própria vida, assumiu a responsabilidade que lhe foi confiada pelo Movimento das Forças Armadas de planear e dirigir as operações militares que puseram termo a cerca de cinco décadas de ditadura fascista.
A liberdade que, hoje usufruímos, “não caíu do cèu” e tem um principal Feitor, o Otelo Saraiva de Carvalho que, competentemente, com a colaboração dos seus camaradas de armas, alcançaram o objetivo, tantas vezes anteriormente fracassado, de libertar o Povo português e os das colónias, do regime salazarista/caetanista que sobrevivia graças ao medo e à repressão da PIDE/DGS e da Censura.
Recordar Otelo, é recordar o Revolucionário que não se alcandorou ao “poleiro”, não reivindicou graças, e só por imperativo da disciplina militar, foi promovido a patentes provisórias.
Já vi escrito, que a seu tempo se fará juízo sobre o “bem” e “mal” que lhe deve ser reconhecido ou assacado. Porém a História é ”o que se faz” e não “o que se conta”. É irrefutável que o Otelo Saraiva de Carvalho comandou as Operações que puseram fim à ditadura e devolveram a Liberdade ao povo português.
Honra lhe seja feita.
Viva a LIBERDADE
Viva Otelo Saraiva de Carvalho.
Fernando Abreu,
Sindicalista, Investigador, Autodidata do Movimento dos Trabalhadores Nacional e Internancional
Otelo Saraiva de Carvalho em entrevista (parte) no JL em 2006
“No 2.º semestre de 1973, terminando a minha terceira comissão na Guerra Colonial, agradeci ao destino e aos deuses que o comandam a sua providência. Entrei no Movimento dos Capitães desde a primeira hora. E, após nove meses de riscos, de sacrifícios e de desânimos, mas também de entusiasmo e exaltação, as circunstâncias proporcionaram-me não só a minha participação no derrubar da Ditadura, mas, mais do que isso, ser o orgulhoso protagonista do mais notável acontecimento ocorrido no século XX em Portugal”.