Semanário Regionalista Independente
Quarta-feira Janeiro 22nd 2025

“BBC – As Crónicas de TV”

Cenas deploráveis da vida no campo

Bernardo de Brito e Cunha

ESTA história do “Big Brother” e respectivos parentes próximos ou afastados, tal como os mais ricos e os mais pobres, deve ter sido – como de resto afirma a sabedoria popular – chão que já deu uvas. Passo a explicar: passei por lá domingo passado, um pouco ao engano, dado que supunha ser o último programa (ou “Gala”, como pomposamente a TVI chama agora a uma coisa que terá uma trintena de espectadores presentes…) e queria saber quem seria o feliz contemplado com o prémio final de 20 mil euros. Exacto, 20 mil, que longe vão os dias dos prémios de 100 mil, mas enfim… É certo que 20 mil por três ou quatro meses de “trabalho” é coisa para dar mais de cinco mil euros por mês, o que não se pode comparar ao salário mínimo nacional. Mas caramba, a que penas!, que o clima naquela quinta não anda nada bom. A nível de raios e coriscos a tempestade é permanente, e ouvi naqueles resumos coisas que nunca pensei ouvir na televisão – e não devo estar muito enganado se disser que muitos outros portugueses não o esperariam também, porque creio que muito poucos se balizarão por este nível.

É ISSO que me leva a crer que as coisas já viram melhores dias. O facto de as audiências das “Galas” terem baixado para pouco mais de um milhão de espectadores, sendo batidas pelo “Jornal das 8” e pela novela (cujas promos me deixam arrepiado pelos desempenhos dos actores); ou a circunstância de terem diminuído as chamadas de valor acrescentado fez com que os canais privados perdessem quase 13 milhões de euros em receitas: em média perderam 1,1 milhões de euros por mês cada um deles, quando comparado com o ano anterior, segundo as contas da Impresa (SIC) e da Mediacapital (TVI). A acrescentar a isto, temos também o facto de nem Teresa Guilherme ter escapado a este declínio: as suas intervenções nas “Galas” não se comparam ao que já foram outrora e, para mim, isto só pode ter uma de duas explicações: ou quem lhe escreve os textos perdeu a inspiração e prefere a piadola mais rasteira, mais ao nível dos concorrentes, ou então sofre do mesmo mal que eu – passaram 15 ou 16 anos e está farta de tanto segredo, tanto jogo (maioritariamente baixo), tanta confusão. É capaz de estar precisada, tal como eu, de sopas e descanso.

O DR QUINTINO AIRES, psicólogo de serviço a diversos programas da TVI (e que é referido no site do instituto que tem o seu nome como “O Professor Doutor Quintino-Aires [com hífen mesmo, o que me parece um bocado possidónio e provinciano] formou-se e recebeu o título de Professor Emérito da Universidade Estatal de Moscovo”) tem-se referido de forma muito assertiva ao grande conflito entre dois concorrentes, um homem e uma mulher que têm um filho em comum. Esse conflito vai desaparecer, suponho, uma vez que o homem foi expulso na noite de domingo – alguma coisa teria de ter ficado a saber no meu equívoco. Ou melhor: as discussões diárias irão desaparecer, mas não creio que a mulher pare de destilar o seu ódio contra o pai do filho. Quintino Aires tem referido diversas vezes que essa mulher só se lembra do filho quando é para pedir dinheiro e que, tendo em conta a sua agressividade, não tem competência para educar nem para ficar com a guarda da criança. Tem feito mais, perante diversas conversas/discussões entre os pais: afirmou mesmo que espera que as autoridades estejam atentas às cenas de violência doméstica confessadas e que a Protecção de Menores intervenha em relação ao menor em causa. Gostaria ele, mas isso seria se o mundo e o país fossem coisas perfeitas. Mas Quintino Aires já tem idade para saber que não o são, nem um nem o outro.

HÁ DEZ ANOS ESCREVIA

«A semana passada falava aqui, mesmo a abrir esta coluna, na tomada de posse de Cavaco Silva como Presidente da República, e no facto de ele dever estar bastante cansado com campanhas, tabus e outras coisas do género. No entanto, como por lapso meu a respectiva foto não foi enviada, é natural que muitos tivessem pensado que eu exagerava, que era má vontade contra o novo mais alto magistrado da nação, etc, etc. Não era, e aqui estou para documentar essa verdade – ou essa sonolência, conforme se prefira. E ao rever a gravação para conseguir a foto, voltei a ouvir largas partes do discurso de Jaime Gama: e as dúvidas, aí, dissiparam-se. Cavaco Silva passou, de facto, longos bocados de olhos fechados e para isso deve ter sido determinante não só o esforço de campanha, mas também o longo discurso de Jaime Gama.»

(Esta crónica, por desejo expresso do seu autor, não respeita o novo Acordo Ortográfico.)

Crónica publicada no Jornal de Sintra, ed. 4110/4111 de 24 de Março de 2016

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