Notas de todos os Verões (ou quase)
Bernardo de Brito e Cunha
Ouço falar de incêndios (muito possivelmente) desde que era miúdo. Sempre com a culpa a morrer solteira, como sói dizer-se, ou com algum SIRESP, à falta de melhor, a arcar com as responsabilidades. Aparece, é certo, mas muito de vez em quando, um ou outro pirómano encartado que é apanhado com a mão no fósforo, e que é levado a um juiz – que invariavelmente o manda para casa.
Este ano tem sido as regiões de Oleiros e a de Mação a trazer-nos a mesmas imagens de todos os anos: as altas cortinas de fumo, as chamas que grassam, as populações com as existências e bens num sobressalto e em perigo de vida. E, naturalmente, quem diz populações diz bombeiros: e de entre estes foram já quase uma mão cheia que perderam a vida.
E vêm sempre à memória (e quando esta falha as televisões encarregam-se de no-lo lembrar) as imagens da famigerada Estrada Nacional 236, que faz a ligação de Castanheira de Pera para Figueiró dos Vinhos, ali ao pé de Pedrógão, onde pereceram – entre encarceramentos, atropelamentos e acidentes – 47 pessoas em escassas centenas de metros, e onde está quase tudo ainda à flor da pele. Ainda é visível, três anos depois, o alcatrão escurecido, um sobreiro enegrecido despido de cortiça em cujo tronco um carro embateu e derreteu, e também zero ou quase nenhuma limpeza das bermas junto aos rails.
Em ambos os concelhos, ultrapassadas as limitações de confinamento decorrentes do estado de emergência associado à pandemia da covid-19, começaram em Maio-Junho as limpezas obrigatórias das faixas de gestão de matérias combustível até 10 metros junto às vias rodoviárias. Mas foram asseguradas por bombeiros sapadores em Mação e por empresas privadas contratadas pela autarquia em Pedrógão Grande, porque grande parte dos proprietários das parcelas de terreno dessa zona, como tantas outras pelo país fora, é desconhecida…
A SIC Notícias decidiu pôr fim aos programas de desporto que assentam em comentadores que representam clubes, vulgarmente conhecidos como “os três grandes”, Benfica, Porto e Sporting, disse na última segunda-feira o director de Informação da Impresa, Ricardo Costa. Os dois programas da grelha da SIC Notícias — Play Off e O Dia Seguinte — terminam “na próxima semana”, adiantou, justificando: “A pandemia podia ter ajudado a que os agentes do futebol percebessem bem a situação em que o futebol, como toda a sociedade, se encontra, mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Ou seja, o regresso do futebol voltou ainda pior do que estava antes, em termos de guerra entre os clubes. Esse ambiente de toxicidade que se foi criando à volta deste tipo de programas, e para o qual contribuem muito os próprios clubes e as suas máquinas de comunicação, coloca-nos perante a situação de que terá chegado a altura de terminar este tipo de programas na SIC Notícias”, salientou Ricardo Costa.
Depois da saída de Sérgio Figueiredo da Direcção de Informação da TVI, foi conhecida agora a sua nova constituição: a Anselmo Crespo junta-se, como directora-adjunta, Lurdes Baeta; Joaquim Sousa Martins, Pedro Benevides e Pedro Mourinho são os subdirectores.
A equipa será assim constituída por dois jornalistas da casa, Lurdes Baeta e Joaquim Sousa Martins, e três contratações: Anselmo Crespo vindo da TSF, Pedro Mourinho da SIC e Pedro Benevides do Observador (onde era editor de política) que, a partir de 1 de Setembro, serão os responsáveis pela informação da TVI, TVI24 e plataformas digitais do grupo.
HÁ DEZ ANOS ESCREVIA
«À RTP, de vez em quando, dão-lhe estes acessos de pretenso serviço público. E chamo-lhe isso porque não vejo que outra coisa se possa chamar ao concurso “Prémios Talento”, um evento instituído pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, através da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas e que pretende distinguir os portugueses e luso-descendentes residentes no estrangeiro que se destacaram no exercício de actividades em diversos sectores da vida social. Até aqui, parece-me bem, embora discriminatório: o governo (seja que ministério for) não olha para os cá de dentro, mas premeia os que não tiveram outro remédio se não partir.»
(Esta crónica, por desejo expresso do seu autor, não respeita o novo Acordo Ortográfico.)
Crónica publicada no Jornal de Sintra, ed. 4307 de 31 de Julho de 2020