A etapa de hoje, sexta-feira, 13, foi disputada a duas velocidades, o mesmo é dizer que ofereceu aos adeptos duas corridas numa só. A luta pela etapa ficou por conta dos fugitivos. Mais atrás, a batalha pela geral aqueceu – e de que maneira! – num dia de calor extremo em terras de Trás-os-Montes.

A fuga deu-se ao quilómetro 24 e foi engrossando até somar 18 unidades. Entre os escapados estavam quatro homens do top 20 da geral à partida, Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO), Tiago Antunes (Tavfer-Measindot-Mortágua), José Félix Parra (Equipo Kern Pharma) e Adriá Moreno (Burgos-BH). Além destes corredores, com a geral em vista, seguiam na dianteira dois homens em luta pelas classificações secundárias. Bruno Silva (Antarte-Feirense) tentava consolidar o comando na geral dos trepadores e Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO) atacou em busca de reentrar nas contas da classificação por pontos.

O pelotão, comandado pela Efapel, deixou os fugitivos a uma distância de segurança, permitindo, ainda assim, que a diferença chegasse perto dos cinco minutos. A subida de Torneiros, a cerca de 45 quilómetros da meta, alterou a configuração da corrida. A W52-FC Porto passou para a frente do pelotão, endurecendo o ritmo. A vantagem dos fugitivos foi caindo e o pelotão ficou completamente destroçado.

Todos os elementos da W52-FC Porto passaram pela frente, em trabalho, exceto Amaro Antunes. O algarvio foi protegido pelos companheiros, ficando claro que, a dois dias do final da Volta, é a aposta principal da equipa. A escalada de Torneiros deixou o grupo dos candidatos reduzido a Amaro Antunes, Joni Brandão e João Rodrigues (W52-FC Porto), Frederico Figueiredo, Maurico Moreira e António Carvalho (Efapel), Abner González (Movistar Team), Alejandro Marque e Álvaro Trueba (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel). João Rodrigues “carregou” o grupo às costas desde Torneiros até faltarem menos de 3 quilómetros para a chegada.

Enquanto a luta pela geral mostrava, novamente, superioridade dos conjuntos portista e da Efapel, entre os fugitivos destacava-se Miguel Salgueiro (LA Alumínios-LA Sport). O versátil jovem da equipa de Paio Pires isolou-se em Torneiros e tentou levar a fuga em solitário. Foi uma iniciativa que durou pouco. A 29 quilómetros da meta, os fugitivos voltaram a rodar agrupados, embora com menos elementos, porque a subida também fez mossa na cabeça de corrida. As movimentações regressaram à entrada de Montalegre, quando a diferença da frente para o grupo dos candidatos rondava os dois minutos e parecia provável que a vitória de etapa viesse a ser discutida pelos fugitivos.

A ambição e o aroma a triunfo inspiraram alguns ataques mais, já Larouco dentro. O estadunidense Kyle Murphy foi o mais competente na transformação do sonho em realidade. Atacou nos últimos 4 quilómetros e ganhou isolado, com 4h12m06s. Nunca tinha vencido na carreira. Leva dois triunfos na Volta a Portugal 2021. José Félix Parra  foi o segundo, a 13 segundos, e Henrique Casimiro foi o terceiro, a 25 segundos.

Fechado o capítulo da discussão da etapa, entrou-se nas contas da geral. Depois do trabalho de João Rodrigues, Joni Brandão fez algumas acelerações, nos derradeiros dois quilómetros. Conseguiu deixar para trás Alejandro Marque e António Carvalho, mas Frederico Figueiredo e Maurício Moreira agarraram, sem dificuldade, a roda de Brandão e de Amaro Antunes. Nas centenas de metros finais, a situação do costume: Maurício Moreira disparou e ganhou tempo à concorrência, quatro segundos a Brandão e seis a Antunes.

A camisola amarela transita do corpo de Rafael Reis para o de Amaro Antunes. Mas tudo permanece em aberto. Alejandro Marque é o segundo, a 14 segundos. Frederico Figueiredo está a 18 e Maurício Moreira a 50. Henrique Casimiro aproveitou a fuga para subir ao quinto lugar, a 57 segundos.

As restantes classificações mantiveram todas os mesmos comandantes, Rafael Reis, nos pontos, Bruno Silva, na montanha, e Abner Gonzalez, na juventude. Por equipas manda a Efapel.

A nona etapa, marcada para este sábado, será novamente importante nas contas da geral. Pode mesmo ser vista como a etapa-rainha da prova. Irá levar a caravana de Boticas até ao alto do Monte Farinha, popularizado como Senhora da Graça, em Mondim de Basto. A viagem tem 145,5 quilómetros e conta com dois prémios de montanha de terceira categoria, um de terceira e dois de primeira. Estes prometem ser determinantes. O primeiro aparece ao quilómetro 101,2, no Barreiro, a subida que marcou a Volta a Portugal de 2020, local onde então atacaram Amaro Antunes e Frederico Figueiredo. A outra montanha de primeira é coincidente com a meta.

(Press e foto:UVP- FPC)